Publicada em 17/05/2024
Do total da soja a ser colhida no Estado, 3% deverá apresentar avaria nos grãos, em razão das chuvas e enchentes ocorridas desde o início do mês. A estimativa é da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs). “É um volume muito pequeno”, diz Roges Pagnussat, presidente da entidade. De acordo com o dirigente, o índice garante que a safra gaúcha da oleaginosa atenderá os padrões de classificação exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Dentro dos padrões de classificação do Mapa
são tolerados 8% de grãos avariados dentro de uma carga de soja”,
explica Roges Pagnussat.
O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do
Brasil (Acebra), Jerônimo Goergen, salienta que “em algumas regiões, a perda
[de qualidade] será maior. No Noroeste, já foi colhido. Em Vacaria, já foi
colhido, mas na Região Central está mais complicado”, afirma. Em
levantamento publicado pela Emater/RS-Ascar, no dia 9 de maio, o Rio Grande Sul
havia colhido 78% dos 6,68 milhões de hectares dedicados à soja na safra atual.
Com a ocorrência da hecatombe climática em maio, a colheita
foi praticamente interrompida. “Tivemos pequenas janelas [no mau tempo], no
início do mês, em que foi possível o agricultor entrar na lavoura e colher.
Foram janelas muito curtas no norte. No sul do Estado, o tempo favoreceu um
pouco mais”, diz Pagnussat. De acordo com o dirigente, mesmo avariado, o
grão poderá ter aproveitamento para a produção de ração com menor teor de
proteína.
“Não é com a proteína ideal, de 45%, com as
características de um grão normal”, explica Pagnussat. Cristiano
Oliveira, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da
Universidade Federal do Rio Grande, esclarece que “o acúmulo de umidade
tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de
subprodutos de boa qualidade, especialmente para a indústria alimentícia”.
Pagnussat ressalta a impossibilidade de grãos que não
atendam os requisitos de qualidade ou normas sanitárias serem recebidos por
empresas cerealistas. “Produto que não passa nos mínimos requisitos não
entra na armazenagem. Não tem sequer como movimentar o grão. Ele fica pastoso”,
garante.
PAUTA UNIFICADA
Jerônimo Goergen diz que a Acebra está trabalhando “nas
negociações com o governo federal” para adoção de medidas que minimizem as
perdas do agronegócio no Rio Grande do Sul. “Considerando o tamanho do
problema e as diferenças regionais, deveríamos unificar uma pauta de todo o
agro. É a minha sugestão”, afirma. Junto com outras sete entidades, a
Acebra encaminhou ao Mapa um ofício com propostas nas quais estão incluídas a
prorrogação e abatimento de dívidas de produtores rurais com fornecedores
privados, liberação de linhas de crédito para capital de giro para empresas
armazenadoras e fornecedoras de insumos ao produtor rural e indústrias
frigoríficas, e direcionamento de recursos à recuperação da infraestrutura de
abastecimento do agronegócio.
Com informações do Correio do Povo / CNA
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta