Publicada em 01/04/2024
Para atender à demanda de moinhos por trigo de melhor qualidade, os gaúchos estão importando o grão argentino em volumes maiores do que o observado em anos anteriores. As aquisições do país vizinho poderão chegar a 1 milhão de toneladas, contra, no máximo, 400 mil toneladas em outros momentos. O cálculo é do analista Elcio Bento, da consultoria Safras & Mercado. De acordo com Bento, 542 mil toneladas do cereal argentino já cruzaram a fronteira até o momento, tornando o Rio Grande do Sul a segunda unidade da federação maior importadora, atrás de São Paulo, com 675 mil toneladas. A demanda dos moinhos gaúchos é de 1,9 milhão de toneladas. “Tivemos de apelar para nosso maior parceiro no Mercosul”, diz Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo e Cereais de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
No ano passado, o Rio Grande do Sul praticamente não
importou trigo. Conforme Bento, o Estado exportou mais de 3 milhões de
toneladas. A razão para o desabastecimento em 2024 é a quebra da safra de 2023,
provocada pelo El Niño. “Foi um dos piores anos para nossa safra”,
destaca o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo/RS), Gerson
Pretto, para quem a importação neste ano deve girar em torno das 750 mil
toneladas.
Além de Argentina, Uruguai e Paraguai podem ser eventuais
fornecedores. O Paraná, quinto maior produtor do Brasil, depois de Rio Grande
do Sul, seria uma alternativa, mas também enfrentou os efeitos do El Niño.
Hoje, o grão argentino chega à Região Metropolitana de Porto Alegre por R$
1.312 a tonelada, valor que não deve provocar, pelo menos por enquanto, aumento
do preço da farinha ao consumidor, conforme Elcio Bento e Hamilton Jardim.
Pretto, no entanto, não descarta a possibilidade. “Setenta por cento do
preço da farinha é o preço do trigo,” diz.
Com informações do Correio do Povo
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta