Publicada em 16/02/2024
A Emater-RS /Ascar indicou “sintomas de déficit hídrico” nas lavouras de soja monitoradas por dez dos seus 12 escritórios regionais. O cenário da safra 2023/2024 do grão foi relatado no Informativo Cojuntural da agência de extensão rural, divulgado nesta quinta-feira. A situação foi reportada por técnicos dos escritórios de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade. Devido à implantação tardia da cultura, dado o excesso de chuva na primavera de 2023, a maior parte da produção (43%) está em floração. As lavouras em enchimento de grãos alcançam 33% e as em germinação, 24%.
Os sintomas de escassez hídrica variam de região para
região, a depender do volume de chuva recebido na última semana. Contudo, os
escritórios regionais relatam que a falta de chuva aumenta a preocupação para
fungos e pragas, que encontram o cenário ideal para proliferação. A principal
apreensão fica por conta da ferrugem asiática, cujo controle requer a
intensificação na aplicação de defensivos químicos de forma constante e alternada.
“Seguem as aplicações de fungicidas e de inseticidas em intervalos menores”,
informou o boletim com relação à produção de Manoel Viana, na Fronteira Oeste.
A apreensão com a doença fúngica também foi relatada por sojcultores das
regionais de Erechim e de Santa Rosa, onde produtores também lutam arduamente
contra lagartas, ácaros e percevejos.
A ferrugem asiática é motivo de dor de cabeça na região da
Campanha, especialmente nas áreas mais baixas e de várzea. Um dos exemplos está
em Dom Pedrito, considerada a nova fronteira agrícola da oleaginosa no Estado.
Além de plantar 120 mil hectares - 25% menos do que gostariam (160 mil ha)
devido ao excesso de chuva, os sojicultores trabalham com perspectiva de
redução na produtividade inicialmente projetada para a cultura. Em Hulha Negra,
a perda estimada para o grão, até o momento, é de 5%.
O mesmo foi relatado nas regionais de Passo Fundo, Pelotas
e Frederico Westphalen, mesmo que a chuva tenha caido de maneira irregular em
algumas áreas. “Já ocorre abortamento de flores e das pequenas vagens
recém-formadas (...) se a falta de umidade ideal nos solos persistir, haverá
diminuição do tamanho e do peso dos grãos, reduzindo as expectativas de
produtividade final das lavouras”, exemplificam os especialistas.
As precipitações desuniformes também foram benéficas aos
municípios ligados à regional da Emtaer-RS/Ascar de Ijuí. “(A chuva)
auxiliou na retomada da turgidez das plantas e interrompeu a queda de flores e
vagens”, detalhou o levantamento. Apesar disso, há relatos de murchamento,
amarelamento de folhas, além da morte das que se localizam nas partes
inferiores das plantas, de queda de flores e de vagens.
Segundo a Emater-RS/Ascar, em Soledade, “o momento é de
restrição hídrica generalizada na cultura”. Entretanto - e por enquanto -
os casos mais graves ainda são pontuais. A regional de Santa Maria reportou que
as chuvas “trouxeram boas expectativas e reforçaram a possibilidade de uma
excelente safra”. Contudo, os técnicos e extensionistas ressalvam que “ainda
há necessidade de disponibilidade de novas precipitações ao longo dos próximos
dias, dadas as altas temperaturas”.
O déficit hídrico apareceu ainda nas avaliações de Caxias
do Sul, principalmente em áreas de solo mais raso e nos locais com solo
compactado. Porém, diferentemente das outras regiões, não há redução
significativa na expectativa de safra.
Com Informações do Correio do Povo – Emater RS/Ascar
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações