Publicada em 17/01/2024
Duas de três marcas de requeijão analisadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apresentaram resíduos de agrotóxicos. Já nas categorias de carnes analisadas, incluindo o nugget, todas apresentaram índices de agrotóxicos.
Intitulada “Tem veneno nesse pacote”, a pesquisa do
Idec foi publicada no Atlas dos Agrotóxicos, da Fundação Heinrich Böll Brasil, e
teve como objetivo analisar a presença das substâncias tóxicas em diversos
alimentos, entre vegetais, laticínios, carnes e os ultraprocessados.
O resultado da pesquisa mostrou que em 58% dos alimentos
derivados de carne e leite analisados foram encontrados agrotóxicos. Nesse
meio, estão duas marcas famosas de requeijão e empanado de frango (nugget).
As marcas do requeijão são Vigor e Itambé, onde foram
encontrados dois tipos de agrotóxicos. Já as marcas de nugget são Seara, que
liderou o ranking de “campeões do veneno”, apresentando cinco tipos de
agrotóxicos; e Perdigão, que apresentou dois.
O estudo também encontrou resíduos de agrotóxicos em outras
duas categorias de carne, como o hambúrguer de carne bovina e a salsicha.
Os compostos tóxicos mais encontrados foram o glifosato e
seu metabólito AMPA, presentes em 9 dos 24 produtos analisados.
O Idec pontuou que o Brasil é um dos países mais
importantes para o mercado de agrotóxicos, ocupando o pódio dos maiores
consumidores e importadores de agrotóxicos.
"O país permite limites de resíduos em
água e alimentos muito superiores aos da UE. Isto possibilita o registro cada
vez maior de novos agrotóxicos, com recordes sendo batidos a cada ano, além do
crescimento da importância das commodities na economia brasileira, a partir da
ampliação da área plantada e da produção de culturas mais dependentes desses
produtos”, afirma o relatório.
O aumento do consumo de agrotóxicos representa um perigo
para a saúde da população, em especial para grupos sensíveis, como mulheres
grávidas ou crianças, que estão particularmente em risco, alerta o relatório.
Os resíduos tóxicos também prejudicam a vida selvagem, o solo e a água.
O Brasil é um exemplo de falta de regulamentação eficiente
que impõe à população teores máximos de resíduos em alimentos. No mercado
brasileiro são encontrados, em alguns casos, níveis de resíduos duas ou três
vezes maiores do que os limites máximos da UE, e em outros, níveis centenas de
vezes maiores.
O estudo ainda reforça que outro prejuízo é o crescimento
de conflitos no campo envolvendo a contaminação de comunidades da agricultura
familiar ou de povos tradicionais. Um relatório divulgado em outubro pela
Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que, somente no primeiro semestre de
2023, mais 500 mil pessoas foram alvo de violência no campo em diferentes
municípios brasileiros.
Guia Alimentar para a População Brasileira
O Ministério da Saúde disponibiliza um Guia Alimentar para
a População Brasileira com princípios e recomendações para uma alimentação
adequada e saudável. O guia reforça que a escolha de alimentos in natura, ou
seja, alimentos nada ou minimamente processados, como frutas e legumes, são a
melhor opção para uma alimentação saudável.
No entanto, a pasta pondera que os sistemas alimentares
baseados na agricultura familiar e em técnicas tradicionais de cultivo e manejo
do solo, que priorizam a produção sustentável e sem o uso de venenos vem
perdendo força. No lugar, surgem sistemas alimentares que operam baseados em
monoculturas, que têm como um de seus principais focos o fornecimento de
matérias-primas para a produção dos ultraprocessados.
Além disso, esses sistemas dependem do uso de agrotóxicos,
fertilizantes químicos, sementes transgênicas e antibióticos que vão para os
alimentos consumidos pela população. Essas substâncias estão diretamente
ligadas ao surgimento de doenças como leucemia, Alzheimer outros tipos de
câncer e problemas neurológicos.
Com Informações da Revista Fórum
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações