Publicada em 09/01/2024
Um bebê recém-nascido morreu na madrugada de domingo (7) após mais de 12 horas de espera para ser transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal em hospitais do Estado. Laís Valentina de Moura Rodrigues nasceu no sábado (6), às 9h, no Hospital de Caridade de Três Passos, na região Noroeste.
Conforme o hospital, a menina nasceu em parada respiratória e foi reanimada pela equipe médica. Laís apresentava um quadro de infecção e precisava de leito na UTI neonatal por insuficiência respiratória, logo após o parto por cesárea. Foi quando começou a busca por um leito, por meio do sistema de Gerenciamento de Internações Hospitalares (Gerint) do Estado.
Segundo os pais da bebê, que residem na cidade de Tiradentes do Sul, um leito ficou disponível em Erechim, na região Norte, no início da tarde de sábado. Contudo, a equipe que faria o transporte da menina é terceirizada pelo Estado e teria que se deslocar de Passo Fundo. Por causa da distância, o transporte chegou por volta das 16h em Três Passos. Como o percurso até Erechim demanda quatro horas de viagem, a equipe avaliou que a bebê poderia não resistir devido ao quadro instável em que se encontrava.
Por volta das 18h, surgiu uma nova vaga, dessa vez na UTI neonatal do Hospital Vida e Saúde, em Santa Rosa. Porém, conforme a família da bebê, não havia transporte disponível para fazer o trajeto.
Assim, novamente, outra equipe se deslocou de Passo Fundo para fazer a transferência. Essa equipe chegou por volta da 1h da madrugada de domingo (7). A bebê morreu pouco depois da chegada da segunda ambulância. O Hospital de Três Passos confirmou as informações relatadas pela família.
— Desde que ela nasceu eles já sabiam que ela precisava ser transferida. A pediatra que estava acompanhando fez o que pôde, mas me falou desde manhã cedo que a única chance que a bebê tinha (para sobreviver) era indo um hospital maior, pois ali não conseguiriam resolver e ela iria morrer se não fosse transferida. A gente quer descobrir de quem foi o erro — lamentou o pai da menina, Gabriel Wiltgen Rodrigues.
De acordo com Clayton Braga Corrêa, presidente da Associação Pró-UTI Neonatal e Pediátrica do Rio Grande do Sul, o RS tem 370 vagas de UTI neonatal. Enquanto isso, nascem cerca de 10,2 mil bebês por mês no Estado, o que indicaria que o número de leitos é insuficiente.
— O que aconteceu com esse bebê em Três Passos é muito grave. Estamos enfrentando um colapso na área infantil. Não se avançou de uns 10 anos para cá no aumento de número de leitos de UTI neonatal. Por isso, cobramos mais investimento nessa área. A região mais carente hoje, que é a mais distante dos grandes centros, é a noroeste — afirmou.
O QUE DIZ A SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode fornecer informações sobre pacientes específicos. No entanto, informou que não faltam vagas em UTI neonatal no Estado.
Sobre a demora para conseguir um leito, disse apenas que, em alguns casos, como a demanda é muito específica por determinados equipamentos, pode acontecer uma demora na transferência de alguns pacientes.
“Pacientes que necessitam de atendimento especializado são regulados conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação. É esta avaliação que determina as prioridades e o momento adequado e seguro para a realização de procedimentos e transferência de pacientes conforme o perfil de cada leito”, diz o texto enviado pela pasta a GZH.
Com Informações do Portal GZH
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações