Publicada em 20/01/2021
A vacina contra covid-19 desenvolvida pela Johnson & Johnson obteve
indicadores satisfatórios de segurança e produção de resposta imunológica, de
acordo com resultados das fases 1 e 2 publicados no periódico científico The New England Journal of
Medicine. Os resultados positivos foram obtidos após aplicação única
do imunizante em voluntários, com duas dosagens diferentes. Essa característica
é tida como o diferencial da vacina, já que representaria uma imunização
acelerada da população.
"Uma dose única da
(vacina) Ad26.COV2.S induziu uma forte resposta humoral na maioria dos
receptores da vacina, com a presença de anticorpos neutralizantes em mais de
90% dos participantes, independentemente da faixa etária ou da dose da vacina",
escreveram os pesquisadores da Janssen, braço farmacêutico da Johnson &
Johnson, na conclusão do estudo. Os anticorpos aumentaram e se estabilizaram ao
longo de uma análise de 71 dias, o que sugere a durabilidade da resposta imune
da vacina, acrescentam os especialistas no estudo divulgado na semana passada.
O Brasil é um dos países
no qual a empresa desenvolve testes da vacina. A liberação para a condução de
estudos de fase 3 ocorreu em agosto e previa 7 mil voluntários. Pessoas de
outros países da América Latina também foram recrutadas, ainda que aquém do
inicialmente planejado, já que a farmacêutica decidiu reduzir a quantidade
global de voluntários. Os dados da fase 3 é que indicarão se o imunizante
ofereceu proteção contra o desenvolvimento da covid-19, apontando a sua taxa de
eficácia.
No mais recente estudo, os pesquisadores analisaram os
resultados da aplicação da vacina em 805 participantes, entre adultos e idosos.
Eventos adversos como fadiga, dor de cabeça e dor no local da aplicação foram
notados, mas as pessoas tiveram rápida recuperação. Outros casos foram notados,
mas os especialistas destacaram que não houve relação com o imunizante.
Outro
resultado relevante foi a resposta imunológica gerada pela vacina. A pesquisa
mostra que 90% dos participantes desenvolveram anticorpos neutralizantes 30
dias após a aplicação. O número subiu para 100% quando os dados foram
analisados 57 dias após o recebimento da dose, o que indica que uma menor parte
do grupo demorou mais tempo para desenvolver a proteção. Os resultados foram
obtidos tanto nos grupos mais novos como nos mais velhos, e também foi notado
tanto nos que receberam dosagem menor quanto nos que receberam dosagem maior.
A
vacina da Johnson & Johnson está nos planos do Brasil. Plano divulgado pelo
Ministério da Saúde em dezembro mostra a inclusão de 38 milhões de doses do
imunizante. De acordo com o governo federal, 3 milhões de doses dessa vacina
seriam disponibilizadas no segundo trimestre de 2021, 8 milhões, no terceiro
trimestre, e 27 milhões, no quarto trimestre do ano que vem.
Fonte: ESTADAO CONTEUDO