
Na manhã desta quarta-feira (12/11), a Polícia Civil, por meio da 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (4ª DIN/Denarc), deflagrou a Operação Resposta, com o objetivo de combater uma organização criminosa com atuação em municípios da Região Noroeste, Região Metropolitana e interior do Estado. O grupo é investigado por envolvimento em crimes de tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro.
As ações operacionais realizadas nesta manhã tiveram como foco o cumprimento de 35 mandados de prisão preventiva e 35 mandados de busca e apreensão nos municípios de Frederico Westphalen, Palmeira das Missões, Lajeado do Bugre, Rosário do Sul, Canoas, Charqueadas e Porto Alegre, além de localidades rurais adjacentes utilizadas como pontos de armazenamento e circulação de entorpecentes.
Cerca de 185 policiais civis participaram das diligências, que resultaram em 26 pessoas presas. Também foram apreendidas três armas de fogo.
A INVESTIGAÇÃO
A investigação teve origem a partir dos desdobramentos da Operação Leviatã, deflagrada em 2024. Na ocasião, foram apreendidas aproximadamente 1,8 tonelada de maconha, o que motivou o aprofundamento das diligências investigativas. As análises subsequentes permitiram identificar a atuação de uma estrutura logística e financeira organizada, responsável, em um período aproximado de dois meses, pela movimentação de mais de 8 toneladas de maconha, 200 kg de cocaína e aproximadamente 400 kg de crack, destinadas à distribuição em diversas regiões do Estado.
A estimativa econômica dessas operações ilícitas indica que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 25 milhões no mercado clandestino de entorpecentes durante o período analisado, evidenciando elevada capacidade operacional e financeira.
Em decorrência da continuidade das investigações, no dia 27/06/2024, foram cumpridos 86 mandados de prisão e 147 mandados de busca e apreensão. Durante o cumprimento das medidas, uma residência localizada na cidade de Lajeado do Bugre, identificada como ponto de armazenamento e circulação de valores e substâncias ilícitas, foi alvo de diligência policial. No local, os policiais foram recebidos com disparos de arma de fogo, circunstância que reforçou o alto potencial ofensivo e a periculosidade da estrutura investigada. Na ocasião, houve a prisão em flagrante do indivíduo responsável pelos disparos, bem como a apreensão de armamentos e munições, confirmando o uso de estrutura armada para resguardar o funcionamento da atividade criminosa.
Segundo a delegada Ana Flávia Leite, titular da 4ª DIN/Denarc, a partir desse episódio teve início a Operação Resposta, deflagrada nesta quarta-feira (12/11), voltada à repressão qualificada do braço desta organização criminosa ao qual se vinculavam os envolvidos nos disparos. “A análise de dados telemáticos e financeiros permitiu identificar três núcleos estruturados e interligados: o logístico, responsável por receber, armazenar e distribuir entorpecentes; o financeiro, voltado à movimentação e ocultação de valores ilícitos mediante fracionamento, contas de passagem e uso de interpostas pessoas e empresas de fachada; e o prisional, de onde partiam orientações e deliberações estratégicas, mesmo com integrantes recolhidos”, explicou a delegada.
Ainda de acordo com Ana Flávia, os elementos apurados indicam articulação direta com um indivíduo custodiado em unidade prisional federal, que exercia influência hierárquica na definição das diretrizes do grupo. “Há indícios de que integrantes da estrutura tenham atuado na execução de homicídio de um agente político municipal e no planejamento de atentado contra uma magistrada — fatos já investigados em procedimentos próprios —, reforçando a utilização da violência extrema como instrumento de controle e coerção, com potencial de impacto sobre a ordem pública. Também foram constatadas práticas sistemáticas de contravigilância, como troca frequente de aparelhos, segmentação de comunicações e alteração de rotas, demonstrando planejamento e profissionalização do grupo. No campo financeiro, verificou-se a conversão de valores ilícitos em bens e patrimônios incompatíveis com a renda declarada, além de movimentações fracionadas e circulares entre contas de pessoas físicas e jurídicas sem atividade econômica real, bem como o uso de empresas de fachada para dissimulação contábil e integração de capital, caracterizando lavagem de dinheiro em fase estruturada.”
Segundo o diretor do Denarc, delegado Carlos Wendt, a Operação Resposta representa a continuidade de uma política de enfrentamento qualificado ao crime organizado, estruturada na articulação intersetorial e na descapitalização das estruturas criminosas. “O foco é atingir a organização em sua base econômica, logística e diretiva, impedindo sua capacidade de regeneração e rearticulação”, afirmou Wendt.
Já o diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, destacou que a investigação evidencia como o narcotráfico opera em redes estruturadas, com divisão de funções, sistemas de comunicação próprios, mecanismos de lavagem de ativos e capacidade de interferência em dinâmicas locais. “A resposta estatal precisa ser contínua, técnica e articulada, como vem sendo desenvolvida pelo Denarc em todo o Estado”, frisou Carraro.
A Operação Resposta foi realizada no âmbito da Operação NÁRKE, coordenada pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência da Senasp/MJSP, que visa integrar as forças de segurança pública na prevenção e repressão qualificada ao tráfico de drogas em todas as unidades da federação.
Com informações da Polícia Civil
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações
Publicada em 13/11/2025
