Publicada em 17/06/2025
O Rio Grande do Sul deverá ter uma retração significativa na área destinada ao cultivo do trigo na safra de 2025. Segundo levantamento divulgado pela Emater/RS-Ascar na manhã desta segunda-feira (16), com base em dados coletados entre 12 de maio e 9 de junho, o Estado deve semear 1,19 milhão de hectares com a principal cultura de inverno, o que representa uma queda de 9,98% em relação aos 1,33 milhão de hectares cultivados no ano anterior.
A produção esperada é de 3,59 milhões de toneladas — uma redução de 2,95% em relação à safra de 2024, o equivalente a aproximadamente 100 mil toneladas a menos. Apesar da queda na área e no volume total colhido, a produtividade deve crescer 7,7%, chegando a 2,99 toneladas por hectare, graças às condições climáticas que tendem a se manter dentro da normalidade.
De acordo com o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, a retração no plantio do trigo está diretamente ligada à dificuldade de acesso ao crédito rural, ao endividamento dos produtores e aos receios climáticos. "O crédito está mais restrito do que no ano passado, e muitos agricultores estão bancando os custos das lavouras com recursos próprios", destacou.
Outro fator que influencia essa redução é o avanço da canola, que vem atraindo os produtores por conta dos bons preços e da demanda crescente no setor alimentício. A cultura deve ocupar 203,2 mil hectares, alta de 37,41% em relação a 2024, e gerar uma produção estimada em 208,8 mil toneladas — 69,99% a mais do que no último ciclo.
A aveia branca também terá expansão: a área cultivada passará de 368,4 mil para 401,2 mil hectares (alta de 8,91%), com expectativa de colheita de 904,37 mil toneladas, crescimento de 11,78%. Em contrapartida, a cevada apresentará a maior retração proporcional: queda de 21,97% na área plantada, que será de 27,33 mil hectares, e redução de 19,9% na produção, estimada em 87,41 mil toneladas.
No panorama geral, a área total dedicada às culturas de inverno no RS em 2025 será de 1,83 milhão de hectares, o que representa recuo de 2,78% frente ao ano anterior. Ainda assim, a produção deve atingir 4,93 milhões de toneladas, aumento de 2,25% graças ao ganho de produtividade.
O presidente da Emater, Luciano Schwartz, demonstrou preocupação com a redução do uso da terra no inverno, especialmente diante do avanço das lavouras de verão. No ciclo 2024/2025, a soja ocupou mais de 6,8 milhões de hectares. “Menos plantio no inverno implica maior custo para as culturas de verão, pois as lavouras da estação fria são fundamentais para a saúde do solo e para manter o desempenho produtivo, com a rotação de culturas”, explicou.
Em relação ao clima, o coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone, afirmou que os modelos meteorológicos indicam uma safra de inverno com menos eventos extremos do que em 2024. A previsão é de chuvas próximas à média no início do plantio, embora com leve atraso por conta da umidade atual. O terceiro trimestre do ano deve ter precipitações abaixo da média e, a partir de setembro, o tempo seco deve favorecer a colheita.
Com informações do Correio do Povo/ Nereida Vergara
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações
