Publicada em 18/05/2025
Ano a ano, as brasileiras estão tendo menos filhos. Em 2023, o país viu o número de nascimentos cair pelo quinto ano seguido. Foram 2,52 milhões de nascidos, uma redução de 0,7% na comparação com 2022. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa quantidade é 12% menor do que a média de nascimentos nos cinco anos anteriores à pandemia de covid-19, ou seja, 2015 a 2019 (2,87 milhões).
O número total de registros de nascimentos chega a 2,6 milhões em 2023, mas o IBGE esclarece que 2,9% deles (75 mil) são de pessoas que nasceram em anos anteriores, mas foram registradas somente em 2023.
O IBGE apresentou também uma série histórica iniciada em 1974, com números de nascimentos ocorridos e registrados a cada ano, porém excluídos os dados em que a residência da mãe não é conhecida ou é no Exterior. Nesta série, o número de registros de 2023 (2,518 milhões) é o menor desde 1976 (2,467 milhões).
Apesar da tendência de diminuição no número de nascimentos, a gerente da Pesquisa de Registro Civil, Klivia Brayner de Oliveira, pondera que a constatação de ser o menor quantitativo em quase 50 anos tem de levar em consideração o sub-registro, que era maior no passado.
— Em vários lugares, existem nascimentos e óbitos que não eram registrados — afirma, enfatizando que atualmente os dados estão muito próximos da realidade.
Para a pesquisadora, a redução no número de nascimentos no país tem a ver com fatores como custos para criar crianças, disseminação de métodos contraceptivos, inclusive entre pessoas de baixa renda, e outras prioridade das mulheres, como trabalho e formação.
— As mulheres adiando a vontade de querer ter filhos, dando prioridade para estudos. Conforme a idade vai passando, você vai adiando essa decisão de ter filhos e a chance de ter mais filhos também é menor — explica Klivia.
A também pesquisadora do IBGE, Cintia Simões Agostinho, acrescenta que a queda de nascimentos não é uma particularidade do Brasil.
— Em países desenvolvidos, países em desenvolvimento, é um fenômeno bastante conhecido — pontua.
Idade das mães
O levantamento mostra que as mães brasileiras estão decidindo ter filhos com idade mais avançada. Em 2003, 20,9% dos nascidos foram gerados por mulheres de até 19 anos, percentual que caiu para 11,8% em 2023.
Já considerando as mães a partir de 30 anos, a proporção passa de 23,9% para 39% no período. Especificamente entre mães com 40 anos ou mais, a marca dobrou, indo de 2,1% para 4,3%. Em 2023, foram 109 mil nascimentos com mães nesta faixa etária.
Quando se analisa por regiões, é possível perceber que o Norte e o Nordeste apresentam maior participação de mulheres de até 19 anos que tiveram filhos em 2023, 18,7% e 14,3%, respectivamente. No Sul, a marca foi de 8,8%.
Por outro lado, enquanto o Norte teve 29,3% dos nascidos de 2023 gerados por mães com 30 anos ou mais, esse patamar chegou a 42,9% no Sudeste.
Unidades da federação com maior proporção de nascimentos gerados por mães de até 19 anos em 2023:
Acre: 21,4%
Amazonas: 20,5%
Pará: 19,2%
Maranhão: 18,9%
Roraima: 17,9%
Amapá: 17,8%
Unidades da federação com maior proporção de nascimentos gerados por mães com 30 anos ou mais em 2023:
Distrito Federal: 49,4%
Rio Grande do Sul: 44,3%
São Paulo: 44,3%
Santa Catarina: 42,9%
Minas Gerais: 42,8%
Para Klivia, a explicação para mulheres terem filhos mais jovens no Norte e no Nordeste tem a ver com questões culturais e situações de precariedade, como dificuldade de acesso a serviços de saúde para orientação de uso de métodos contraceptivos, além de falta de perspectiva.
— Mulheres menos favorecidas economicamente, com mais dificuldade, tendem a ter mais filhos — observa.
Óbitos
A pesquisa Estatísticas do Registro Civil aponta que o Brasil teve 1,43 milhão de mortes em 2023. É o segundo ano seguido com diminuição de óbitos. Em 2022, houve redução de 15,8% ante o ano anterior, marcado pela pandemia. De 2022 para 2023, a nova queda foi de 5% (75,2 mil).
Além de dados de cartórios, o IBGE lança mão também do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, para chegar ao total de mortes. Esse sistema traz informações de pessoas que passaram por estabelecimentos de saúde.
Segundo o instituto, "os dados indicam que grande parte da queda dos óbitos, em 2023, está relacionada ao fim da pandemia do coronavírus". Foi possível notar redução de 55,7 mil no número de mortes por "doenças por vírus de localização não especificada", categoria que inclui a covid-19.
Em 2023, a razão de sexo foi de 121,2 óbitos de homens para cada 100 de mulheres. Outro dado apontado é que 71% das mortes foram de pessoas com 60 anos ou mais.
Causas
Pouco mais de nove em cada 10 mortes em 2023 foram por causas naturais, afirma o IBGE. As mortes por causas não naturais, como queda, homicídio, acidente, suicídio e afogamento, por exemplo, foram 7% do total de óbitos. Os restantes 2,3% têm causa ignorada.
Dentro do universo de causas não naturais, aconteceram, em média, 499 mortes de homens para cada 100 de mulheres. Na faixa etária de 20 a 24 anos, essa relação atinge o ponto mais distante entre os sexos, 872 óbitos masculinos para cada 100 femininos.
Com informações - GZH
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