Publicada em 26/08/2019
A atmosfera lúdica proporcionada pelo Museu
Erico Verissimo, com tudo o que aquele espaço público representa para a
literatura gaúcha e brasileira, deu um significado especial ao lançamento do
terceiro romance do escritor cruz-altense Henrique Madeira. O novo livro
intitulado "Que a Terra Lhe Seja Leve" traz em suas 292 páginas um
romance estruturado em contos, que segundo o autor: "podem ser lidos
aleatoriamente, pois possuem início, meio e fim, com um enredo completo".
Madeira explicou ainda que se alguém quiser
fazer a leitura conforme a sequência normal, desde o primeiro até o décimo
conto, o livro acaba se transformando num grande painel em forma de romance.
Esta novidade é mais uma das construções criativas que o autor traz para serem
apreciadas pelos leitores. As tramas ficcionais se dão num lugarejo chamado de
"Nova Aurora", que segundo Henrique é uma representação da Cruz Alta
do século 19, e vão prender a atenção dos leitores desde as primeiras páginas
até o final do livro.
Esta cidade fictícia é palco de acontecimentos
terríveis, cercados de misticismos e suspense. Os casos são detalhados pela
narrativa das cenas onde se desenrolam as atuações dos personagens e na
paisagem na qual eles se movimentam. Mulheres acusadas de bruxaria são
queimadas em fogueiras sobre as coxilhas, a cabeça decapitada de um miserável é
encontrada numa lixeira e um artista internado em um hospício tenta lembrar e
desenhar o mapa de um tesouro enterrado no passado.
Estas são apenas três das dez curiosas
histórias contidas em "Que a Terra lhe Seja Leve", mas já servem para
refletir os dramas e o ambiente psicótico em que eles se desenrolam. O escritor
Henrique Madeira durante a apresentação de sua obra, também explicou o
significado do título, com sendo uma expressão muito antiga usada no século 19.
Segundo o autor, no momento em que uma pessoa não muito virtuosa estava para
morrer, recebia essa sentença ou pelo menos o desejo de que seu sepultamento
lhe trouxesse alguma paz, sem a pressão natural da terra da cova sobre sua mortalha.
O livro iniciado em 2007 foi concluído depois
de 12 longos anos de trabalho. Henrique diz que este romance encerra a
publicação de uma trilogia também composta por A Cinza Lívida, de 2010 e
Jah-Bul-On, de2015. A satisfação do escritor pelo novo livro está além da obra,
pois chega ao fim o ciclo de pesquisas sobre Cruz Alta do século 19 e todo o
material utilizado. O escritor revelou que encerra este tema que o levou a
produzir três livros e que tem planos de se dedicar a novos projetos com
gêneros ainda não definidos.