Publicada em 04/08/2022
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
decidiu nesta quarta-feira (3), por unanimidade, elevar a taxa Selic de 13,25%
ao ano para 13,75% ao ano – alta de 0,5 ponto percentual. Esse foi o 12º
reajuste consecutivo na taxa Selic.
Em comunicado, o Copom informou que os riscos de que a
inflação fique acima das expectativas em prazos mais longos fez que o BC
optasse por não encerrar o ciclo de alta da Selic na reunião de ontem. O texto,
no entanto, informou que o Copom deverá reduzir o ritmo de altas, elevando a
taxa em 0,25 ponto no próximo encontro, no fim de setembro.
“O comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de
menor magnitude, em sua próxima reunião. Nota ainda que a incerteza da atual
conjuntura, tanto doméstica quanto global, aliada ao estágio avançado do ciclo
de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda
cautela adicional em sua atuação”, destacou o BC.
De março a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a
taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC
passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o
agravamento das tensões no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto
de dezembro do ano passado até maio deste ano.
Com a decisão desta quarta, a Selic continua num ciclo de
alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de
2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a
reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano, em
março de 2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2%
ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela
pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em
1986.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para
manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o indicador fechou em 11,89% no acumulado
de 12 meses, no maior nível para o mês desde 2015. No entanto, a prévia da
inflação de agosto começa a mostrar desaceleração por causa da queda do preço
da energia e da gasolina.
O valor está bastante acima do teto da meta de inflação.
Para 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,5%,
com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia
superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de junho pelo
Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2022 em 8,8%
no cenário base. A projeção, no entanto, está desatualizada e deverá ser
revista para baixo por causa das desonerações tributárias sobre a gasolina e o
gás de cozinha. A nova versão do relatório será divulgada no fim de setembro.
As previsões do mercado estão mais otimistas. De acordo com
o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo
BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 7,15%. No início de junho, as
estimativas do mercado chegavam a 9%.
Crédito mais caro
A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso
porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo.
Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No
último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1,7%
para a economia em 2022.
O mercado projeta crescimento um pouco maior. Segundo a
última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de
1,97% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo
país) neste ano.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos
públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de
referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima,
o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque
juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e
incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para
cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir.
Com informações da Agência Brasil
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