Publicada em 09/06/2022
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
considerado a inflação oficial do país, desacelerou para 0,47% em maio, após
alta de 1,06% em abril, segundo divulgou nesta quinta-feira (9) o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da menor variação mensal desde abril do ano
passado, quando ficou em 0,31%. Em maio de 2021, a variação havia sido de
0,83%.
Em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 11,73%, contra
o 12,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. No ano, os preços
ao consumidor subiram em média 4,78%.
O resultado de maio foi influenciado principalmente pela
queda no custo da energia elétrica e pela desaceleração dos preços dos
alimentos.
Apesar de ter desacelerado em maio, já são 9 meses seguidos
com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos. A inflação acumulada em 12
meses é a maior para maio desde 2003, quando ficou em 17,24%
O resultado veio melhor do que o esperado. A mediana das
projeções colhidas pelo Valor Data estimava alta de 0,59% no mês e inflação de
12,13% em 12 meses.
Mesmo tendo recuado abaixo de 12% em 12 meses, o índice
ainda representa mais de duas vezes o teto da meta oficial para a inflação este
ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O que ajudou a segurar a inflação?
Apesar da desaceleração da alta, 8 dos nove grupos de
produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços em maio. A maior
variação veio do grupo Vestuário, com alta de 2,11%. Já o que mais pesou no
IPCA de maio foi o grupo Transportes (1,34%), com impacto de 0,30 ponto
percentual na taxa do mês.
O único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%),
beneficiado pelo recuo do preço da energia elétrica (-7,95%). Em 16 de abril,
cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à
bandeira Escassez Hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há
cobrança adicional na conta de luz.
De acordo com o IBGE, um dos principais fatores que
garantiram a desaceleração do IPCA em maio foi a inflação menos disseminada e o
freio nos preços dos alimentos. O índice de difusão mostra que, em maio, houve
aumento de preços de 72% dos produtos e serviços investigados – em abril, essa
taxa foi de 78%. "O índice de difusão para os produtos não alimentícios
ficou em 78%, o mesmo de abril, enquanto o índice para os produtos alimentícios
caiu de 79% para 75%", destacou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Os vilões da inflação no mês de maio foram as passagens
aéreas e os remédios
As passagens aéreas subiram 18,33%, representando o maior
impacto individual positivo no índice do mês (0,08 ponto percentual),
juntamente com os produtos farmacêuticos, que tiveram alta de 2,51%,
respondendo também por um peso 0,08 p.p. do IPCA.
“Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens
aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas
foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio”, destacou
o gerente da pesquisa.
No caso dos produtos farmacêuticos, o governo autorizou em
abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Segundo o IBGE, esse
reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo
reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido
menor neste último mês.
Os planos de saúde, por sua vez, tiveram queda (-0,69%), mas
devem subir na próxima leitura da pesquisa. O reajuste de 15,5% aprovado pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para planos de saúde individuais
será incorporado a partir da próxima leitura do IPCA-15 de junho.
"O plano de saúde é o 5º item de maior peso individual
sobre o IPCA, de 3,43 pontos percentuais, ficando atrás da gasolina, energia
elétrica, aluguel residencial e refeição fora de casa", explicou o
pesquisador.
Veja a inflação de maio para cada um dos grupos pesquisados
Alimentação e bebidas: 0,48%
Habitação: -1,7%
Artigos de residência: 0,66%
Vestuário: 2,11%
Transportes: 1,34%
Saúde e cuidados pessoais: 1,01%
Despesas pessoais: 0,52%
Educação: 0,04%
Comunicação: 0,72%
Já a inflação de serviços acelerou de 0,66% em abril para
0,85% em maio.
Guedes comemora
O ministro da
Economia, Paulo Guedes, afirmou que o resultado mostra que a inflação
começou a descer no país. "Acabamos de ter a primeira notÍcia aí, a
inflação começando a descer", declarou.
Em maio, Guedes tinha dito que o Brasil já tinha saído do
"inferno" da inflação.
Ele lembrou que o governo tem reduzido tributos sobre a
cesta básica, assim como sobre o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)
- apesar do efeito prático das medidas ser questionado por economistas. "A
população não pode continuar vendo esse aumento de preços nesse extremo",
acrescentou o ministro.
Com Informações do G1
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações