Publicada em 23/05/2022
O agricultor Bronildo José Wenzel, de 74 anos, realizou um sonho no último final de semana: se formar em Agronomia, na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) em Cerro Largo, no Noroeste do Rio Grande do Sul. A tão aguardada formatura como engenheiro agrônomo foi realizada no último sábado (21).
Filho de agricultores, Bronildo tinha o sonho de entrar em
uma universidade desde pequeno. O desejo era aprender para colocar o
conhecimento em prática no meio rural. Mas os pais não tinham condições
financeiras de proporcionar o ensino superior para ele e outros 10 filhos.
O sonho foi substituído pelo trabalho na agricultura. Mas
não ficou de lado. Apenas foi adiado.
“É só correr atrás, essa que é a verdade. As
coisas estão colocadas e a pessoa é que tem que se mexer e realizar, arregaçar
as mangas. Para a gente ter uma vida plena, é preciso ter sempre um objetivo a
ser alcançado, e isso é uma medida salutar para cada pessoa que quer atingir
certa idade. Então, quando o objetivo não está mais presente, parece que não adianta
mais nada, a pessoa vai se entregando por si só, e isto faz a diferença. Esse
objetivo, seja qual for, sempre vale a pena”, diz.
Bronildo casou, teve filhos e passou a ter como prioridade
proporcionar estudo à família.
“Eu dizia: ‘não consegui realizar meu sonho na
época, mas vocês vão ter que ir por mim, ir pra frente e tentar o máximo
possível, porque essa é a saída’. E realmente foi a melhor saída pra eles”,
assevera.
Atualmente, um dos filhos tem mestrado e o outro,
doutorado.
“O pai foi, na verdade, um grande incentivador nosso,
tanto meu como do meu irmão, para nos graduarmos, buscarmos o conhecimento”,
diz o doutor em Engenharia Química Bruno Wenzel.
Retomada do sonho
Depois de formar os filhos, Bronildo resolveu retomar o
antigo sonho e começou a estudar para ser aprovado em uma universidade federal.
Foi na segunda tentativa que conseguiu nota no Enem para ingressar na UFFS.
“Me preparei melhor e, na segunda vez, aí sim,
fiquei em 22º lugar na classificação geral. Consegui entrar pela porta da
frente na universidade federal”, orgulha-se.
Para os professores, ensinar uma pessoa tão experiente é um
desafio.
“Estamos acostumados à maioria dos nossos
alunos serem recém-saídos do ensino médio, então, você se deparar em sala de
aula com um aluno que tem mais idade do você, significa também você tratar uma
questão de experiência, você conseguir e ter que pensar propostas de trabalho
em sala de aula que aliem essa experiência que este aluno possui, buscar
conteúdos que também sejam adequados a uma realidade de diálogo entre gerações”, diz
o professor Edemar Rota.
Com Informações do Portal G1
Paulinho Barcelos
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
Grupo Pilau de Comunicações