Publicada em 08/03/2022
O Rio Grande do Sul vai colher menos 13,1 milhões de
toneladas de grãos na Safra de Verão 2021/2022, o equivalente a uma perda de
41,1% em relação à produção projetada inicialmente pela Emater-RS Ascar, de
33,6 milhões de toneladas. Em termos de volume, trata-se da pior colheita desde
2012. O estrago proporcionado pela estiagem no Estado foi dimensionado nesta
terça-feira na estimativa final apresentada pela Emater, durante a 22ª Expodireto
Cotrijal, em Não-Me-Toque.
— Os números são uma média do Estado, mas temos municípios
com perdas catastróficas e outros são oásis. Vemos lavouras com cenários
diferentes — afirma o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri.
As região de Porto Alegre, Caxias do Sul, Erechim e Pelotas,
segundo o diretor, atingiram produtividades acima dos 2.300 quilos por hectare,
índice considerado razoável.
Na soja, a principal cultura no Rio Grande do Sul, a quebra
é de 52% tanto na produção quanto na produtividade em relação à primeira
estimativa, com cerca de 25 sacas por hectare.
No milho grão, onde as perdas já estavam consolidadas, a
estimativa final da Emater aponta queda de 55,1% na produção e de 53,2% na
produtividade. A expectativa inicial de colheita era de 6,11 milhões de
toneladas.
No milho silagem, importante para a alimentação dos animais,
além das perdas enormes em volumes, com produção 57,8% menor ante à primeira
estimativa, outro fator que preocupa é a qualidade do grão, inferior a de
safras passadas. A produtividade recuou 53,6% e, a área plantada, 9,2%. Rugeri
comenta que no caso do milho silagem a situação é muito preocupante, uma vez
que o produtor de leite, além de perder o cereal que plantou como alimento,
ainda vai ter de investir o que não tem para comprar comida para o rebanho.
No arroz, os efeitos da escassez hídrica são menores. A
produção e a produtividade ficaram 4% inferiores aos dados iniciais projetados.
Segundo Rugeri, as temperaturas ficaram muito além do previsível, apesar da
irrigação na cultura, afetando, em partes, a produção.
O diretor-técnico chamou atenção para uma característica
geográfica da estiagem, que afetou de maneira oposta as regiões Leste e Oeste.
Em episódios anteriores de seca, o contraste costumava ser entre o Norte e o
Sul.
— É uma estiagem diferente, de Leste a Oeste. As maiores
áreas produtoras de soja estão na região Oeste e as perdas também se concentram
lá — afirmou Rugeri.
A secretária da Agricultura, Silvana Covatti, que participou
do início da apresentação, referiu-se à estiagem como a mais grave dos últimos
tempos. E frisou o impacto econômico que a quebra da produção trará para o
Estado:
— Vamos perder nossa economia? Vamos. Mas temos o
compromisso de fazer a parte do Estado. Precisamos negociar as dívidas do nosso
produtor e para isso precisamos de respostas do governo federal.
Safra de verão em
números
Estimativa final para o ciclo 2021-2022 (em relação à safra
anterior).
● Área total: 8.116.261 (+2,8%)
● Produção: 19.563.359 toneladas (-41,1%)
Culturas (variação em
relação à safra anterior)
Soja
● Área total: 6.314.490 hectares (+3,4%)
● Produção: 9.541.841 toneladas (-53,3%)
Milho
● Área total: 801.015 hectares (+2,7%)
● Produção: 2.745.654 toneladas (-37,5%)
Arroz
● Área total: 948.529 hectares (-0,1%)
● Produção: 7.205.606 toneladas (-13,1%)
Feijão 1ª safra
● Área total: 32.026 hectares (-12,4%)
● Produção: 39.623 toneladas (-27%)
Com Informações da Emater
Imagens: Repórter Cidade Amauri Rodrigues
Rádio Jornalismo – Rádio Cruz Alta
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