Publicada em 20/08/2021
Até
o início de setembro o país pode ter pelo menos quatro novos medicamentos
contra Covid-19 disponíveis. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) deve analisar até o próximo mês as drogas Sotrovimabe, Citrato de
tofacitinibe (cujo nome comercial é Xeljanz),
Baricitinibe e a Dexametasona. Atualmente, o Brasil tem
outros quatro medicamentos aprovados para tratamento de covid-19. O mais
recente foi o Regkirona (regdanvimabe), aprovado pela Anvisa na
semana passada.
No
caso do Sotrovimabe e do Citrato de tofacitinibe, os pedidos
foram por uma autorização emergencial de uso, uma vez que os estudos ainda
estão em andamento. Essa autorização é temporária. Já o Baricitinibe e a Dexametasona
terão o pedido de pós-registro analisado pela agência que, caso seja aprovado,
incluirá na bula desses medicamentos de forma permanente a indicação
para Covid-19. Os quatro medicamentos são para uso em ambiente hospitalar.
Ambos os procedimentos têm
prazo de análise de 30 dias para que a Anvisa observe a relação benefício
versus risco do medicamento. Esse período pode ser interrompido
quando a agência solicita informações complementares à farmacêutica
responsável.
— Há uma expectativa de que nesse semestre tenhamos mais resultados dos estudos de medicamentos que aprovamos, e aí poderemos pensar num cenário no qual teremos mais opções de tratamento — afirmou ao GLOBO o gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes.
A equipe que faz a análise
desses medicamentos é composta por dez pessoas com formações diversas, como
farmacêuticos, médicos, biólogos e estatísticos. O grupo é diferente daquele
que analisa dados sobre as vacinas contra Covid-19. Ambos, no entanto, estão
sob comando da Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) da
Anvisa.
— A gente já aprovou mais de 100 estudos de medicamentos, já vimos vários sendo concluídos e que deram resultados que não mostram vantagem do medicamento, cerca de 20% do total. Mas quando o estudo não se mostra favorável, a empresa nem submete o pedido, apenas comunica— disse Mendes.
Entre os estudos que seguem em andamento estão a nitazoxanida e a proxalutamida. Os dois medicamentos foram reiteradamente defendidos pelo governo. Após a comprovação da ineficácia da cloroquina no tratamento de Covid-19, alas ideológicas do governo passaram a propagandear a proxalutamida. Em uma live com o presidente Jair Bolsonaro, em abril, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, classificou o medicamento como "promissor".
Sotrovimabe
O Sotrovimabe é um anticorpo
sintético que "imita" os anticorpos produzidos pelo corpo para
combater o coronavírus e que impede o vírus de se replicar. O medicamento seria
utilizado em casos moderados da doença.
Os estudos para avaliar a
eficácia do medicamento foram realizados em vários países do mundo com 1062
participantes, dos quais 22 são brasileiros.
Citrato de tofacitinibe
(Xeljanz)
O citrato de tofacitinibe é um
anti-inflamatório, atualmente utilizado para tratamento de artrite
reumatoide, artrite psoriática e colite ulcerosa. A proposta é que o
medicamento seja utilizado para reduzir o tempo de internação de pacientes com
quadro moderado com risco de progredir para caso grave.
— O processo da Covid-19 é
um processo inflamatório assim como a artrite. A inflamação é uma resposta
exagerada do corpo, que começa atacar as próprias celulas. Os
anti-inflamatórios reduzem essa resposta imune — explicou
Mendes.
Baricitinibe
Assim com o medicamento anterior, o Baricitinibe também é uma
droga anti-inflamatória utilizada para tratamento de artrite. De acordo com
dados de um estudo realizado com pacientes graves de Covid-19, o Baricitinibe
reduziu em 38% a mortalidade entre os infectados.
A pesquisa foi conduzida em 12 centros clínicos de todo o
país e testou o medicamento em 1.525 voluntários.
Dexametasona
A Dexametasona é um corticoide que já é amplamente utilizado
no país. No contexto da Covid-19, o medicamento em sido adotado em alguns
hospitais para ajudar a reduzir a inflamação causada no pulmão pelo
coronavírus. A proposta é que seja utilizado em casos graves da doença.
De acordo com um estudo publicado em junho, o medicamento pode reduzir em um terço as mortes de pacientes que estão sob ventilação mecânica. No caso de pacientes que estão utilizando apenas oxigênio, a redução observada foi de 20%.
Fonte: globo.com / imagem: REUTERS/Yves Herman