Publicada em 12/04/2021
A empresa norte-americana Regeneron Pharmaceuticals divulgou nesta
segunda-feira, 12, os resultados da fase 3 de um coquetel para reduzir as
possibilidade de contrair a covid-19, desenvolvido em parceria com a suíça
Roche. O estudo utiliza a combinação dos medicamentos (chamados anticorpos
monoclonais) Casirivimab e Imdevimab para evitar casos sintomáticos entre
contactantes que moram na mesma residência que pessoas diagnosticadas com o
novo coronavírus.
Segundo o laboratório, uma dose da combinação (chamada
Regen-Cov) administrada por injeção subcutânea pode reduzir em 81% o risco de a
pessoa desenvolver um caso sintomático da covid-19. Os demais participantes do
estudo tiveram sintomas leves e com permanência menor, por até cerca de uma
semana (ante as cerca de três semanas de sintomas identificadas em quem recebeu
o placebo).
"Esses
dados sugerem que o Regen-Cov pode complementar estratégias de vacinação,
particularmente para aqueles com alto risco de infecção. É importante ressaltar
que, até o momento, Regen-Cov demonstrou in vitro reter sua potência contra
variantes emergentes de preocupação (as "variants of concern", como
as identificadas inicialmente em Manaus e no Reino Unido, por exemplo)",
disse o médico Myron Cohen, que lidera o estudo e é diretor do Instituto de
Saúde Global e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina da Norte, em
comunicado divulgado pela Regeneron.
"Se
autorizada, a administração subcutânea conveniente de Regen-Cov pode ajudar a
controlar surtos em ambientes de alto risco, nos quais os indivíduos ainda não
foram vacinados, incluindo famílias e ambientes de vida em grupo",
completou.
O
estudo foi feito com uma amostra de 1.505 pessoas não infectadas pelo novo
coronavírus, que não tinham anticorpos para a doença e viviam na mesma
residência que alguém que teve covid-19 nos quatro dias anteriores. Realizado
em conjunto com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID na
sigla em inglês), foi duplo-cego, com administração de placebo para parte dos
envolvidos.
Do
total dos participantes, 31% tinham ao menos um fator de risco para a doença.
Além disso, 33% eram obesos e 38% estavam com 50 anos ou mais. A média de idade
foi de 44 anos, embora o estudo tenha reunido desde pré-adolescentes com 12
anos a idosos com 92 anos.
"Esses
anticorpos podem ser particularmente úteis em indivíduos que ainda não são
vacinados, e também podem ter potencial para aqueles que são imunossuprimidos e
podem não responder bem às vacinas", destacou o médico Dan H. Barouch,
codiretor investigador do ensaio e professor na escola de Medicina da
Universidade de Harvard, também no comunicado divulgado pela empresa.
Ainda de acordo com o laboratório, 20% das pessoas que tomaram o
coquetel tiveram eventos adversos, ante 29% das que receberam placebo. Os
eventos considerados graves ocorreram em 1% do grupo que recebeu o Regen-Cov,
mesmo porcentual do placebo. Somente os participantes que não tomaram o
tratamento precisaram ser hospitalizados ou ir a um pronto-socorro por causa da
covid-19 durante os 29 dias de avaliação da eficácia.
Além
disso, reações no local de injeção ocorreram em 4% das pessoas que receberam o
coquetel, enquanto foram registradas em 2% do outro grupo. Segundo a empresa,
as duas mortes de participantes que receberam o tratamento não tiveram relação
com os medicamentos ou a covid-19.
O
coquetel está liberado para uso em caráter emergencial nos Estados Unidos desde
novembro passado para pacientes com ao menos 12 anos e 40 quilos, tendo sido
utilizado no tratamento do então presidente Donald Trump. Segundo a fabricante,
ensaios clínicos em diferentes ambientes continuarão, incluindo um voltado a
pacientes hospitalizados, feito no Reino Unido.
Ainda
de acordo com o laboratório, parte dos estudos foi financiada por fundos
federais norte-americanos fornecidos pela Autoridade de Pesquisa e
Desenvolvimento Avançado Biomédico (Barda, na sigla em inglês), que integra o
Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
Fonte: Noticias ao Mnuto