Publicada em 29/12/2020
A Secretaria Municipal de Educação (SME) entregou na última
segunda-feira (28) o Ateliê da Infância. Essa novidade é um espaço
multidisciplinar desenvolvido para acolher, acompanhar, atender e constituir
processos de educação permanentes, dirigidos aos estudantes, às famílias e aos
trabalhadores da rede municipal de educação. Um destaque da iniciativa é que
houve investimento financeiro apenas na reforma do espaço, uma vez que o
mobiliário foi aproveitado dos excedentes. A proposta foi produzida em uma
parceria entre as equipes da Coordenadoria de Desenvolvimento Humano (SMADH) e
do Núcleo Pedagógico da SME.
De acordo com a secretária municipal de Educação, Elizabeth
Fontoura Dorneles, o grande objetivo do Ateliê da Infância é auxiliar os
docentes no trabalho com crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem
relacionadas aos aspectos de conhecimento, emocionais, afetivos, psicológicos e
orgânicos. “Nesse sentido, será tanto um laboratório onde os professores podem
levar as situações-problema e discutir com as diversas áreas, assim como fazer
o atendimento pedagógico e psicológico das crianças. Isso sempre no sentido
terapêutico, reduzindo amplamente a medicalização e a medicamentalização de
crianças e adolescentes”, enfatiza.
A medicamentalização da infância é uma grande preocupação da
secretária. Segundo a professora Elizabeth, as dificuldades de aprendizado não
são necessariamente de ordem neurológica, podendo ter variadas causas. É aí que
a equipe multidisciplinar se faz importante. Em conjunto, as áreas identificam
problemas de origem socioeconômica, fisiológicos ou até mesmo uma desadaptação
do aluno com os processos educacionais.
A psicóloga da Coordenadoria de Desenvolvimento Humano,
Maria Luiza Diello, relembra que o trabalho começou em 2018 com o mapeamento
das necessidades da rede municipal. “Um dos principais pedidos foi a
recomposição de uma equipe técnica para dar conta das demandas relacionadas às
dificuldades dos alunos, das famílias e dos educadores, nos processos de ensino
aprendizagem, por conta de situações singulares nas condições de
desenvolvimento. Durante a produção da proposta, o Governo Federal promulgou
uma lei exigindo a criação de serviços semelhantes em todo o país. Isso é uma
garantia de manutenção e financiamento do trabalho”.
Segundo Maria Luiza, “foi constatada uma tendência
patologizadora da vida, em que se transformam as questões e dificuldades dos
alunos, em doença. Essa inserção de crianças e adolescentes no uso de
medicamentos psicotrópicos é cada vez mais deliberada, precoce e intensa. Isso
pode e já vem comprometendo o futuro dessas gerações de crianças, adolescentes
e, logo, da sociedade”.
O ambiente, como destaca a secretária, foi montado com salas
muito amplas e mobiliário simples. É uma forma de incentivar as atividades
físicas e desenvolver a criatividade, práticas essenciais para atenuar a
situação constatada. A expectativa era de que a proposta tivesse começado a
funcionar em abril de 2019, mas, em decorrência da emergência da pandemia, isso
foi adiado. Estando o espaço físico minimamente montado e a equipe técnica já
sendo articulada, a expectativa é de que se complemente essa equipe e que o
serviço seja efetivado e se mantenha em funcionamento. Ela destaca também que
isso não diz respeito ao governo que sai ou ao governo que assume a gestão em
2021, mas ao desenvolvimento intelectual e emocional das crianças do município.
Cabe ressaltar que precisamos ampliar e manter as ações de cuidado de nossas
crianças.
Confira abaixo, em detalhes, os objetivos e públicos do
Ateliê:
OBJETIVO GERAL
Constituir Equipe Técnica Multidisciplinar de Apoio, para
acolher, atender e acompanhar os alunos da rede pública municipal de educação
de Cruz Alta/RS que apresentem demandas singulares relacionadas aos processos
de desenvolvimento cognitivo-intelectual ou afetados por deficiência ou
transtorno físico ou mental.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Constituir espaço físico com estrutura para acolher,
atender e acompanhar crianças e adolescentes da rede pública municipal de
educação;
• Constituir equipe técnica especializada para acolher,
avaliar, atender e acompanhar crianças e adolescentes, estudantes da rede
pública municipal de educação, que demandem atendimento especializado;
• Produzir diagnóstico cartográfico que sirva ao
delineamento de ações de atenção e cuidado, dirigidas aos alunos de escolas
públicas municipais;
• Formular e constituir proposta de educação permanente aos
trabalhadores em educação, relacionada às questões propostas por este projeto;
• Acompanhar longitudinalmente os desdobramentos das ações
do presente projeto, na vida dos alunos;
• Articular e operacionalizar os processos de educação
permanente com os trabalhadores em educação e demais trabalhadores da rede.
PÚBLICO A SER ATENDIDO
Crianças e adolescentes, alunos da rede pública municipal de
educação, trabalhadores em educação e famílias.
Fonte: Secretaria Municipal de Educação