Publicada em 14/08/2020
A pandemia do novo coronavírus expôs os agentes de saúde a inúmeros
desafios ligados a uma doença desconhecida. Para ajudar na capacitação desses
profissionais, o governo do Estado anunciou, nesta quinta-feira (13), uma
parceria com centros de excelência no tratamento da Covid-19.
O projeto Tele UTI-RS, como parte do Programa de Apoio Institucional
do SUS (Proadi-SUS), vinculado ao Ministério da Saúde, oferece apoio de
hospitais que são referências no Brasil no tratamento da Covid-19, como o
Hospital do Coração (HCor) e o Sírio Libanês, de São Paulo, e o Moinhos de
Vento, em Porto Alegre.
Os profissionais do Rio Grande do Sul terão à disposição, todos os
dias, equipes desses hospitais de referência para discutir os casos de seus
pacientes e obter informações sob demanda e adaptadas à realidade local.
“Estamos colocando novos hospitais e novos leitos em funcionamento
em todo o RS, e muitos profissionais são chamados a cumprir uma missão inédita
no tratamento intensivo. Para garantir a melhor capacitação desses
profissionais, estamos firmando essa pareceria. Assim, especialistas e
intensivistas que já passaram por situações difíceis e que têm grande expertise
no enfrentamento à Covid vão acompanhar os casos específicos de pacientes. Não
é só uma consultoria, é um apoio direto aos profissionais que estão na ponta
das UTIs gaúchas”, destacou o governador Eduardo Leite durante a transmissão de
atualização do enfrentamento à pandemia no Estado nesta quinta-feira (13).
Conforme o governador, pelo menos 25 hospitais gaúchos já estão
atendidos ou com termos de compromisso encaminhados e outros 32 estão sendo
contatados. A relação se encontra no final deste texto.
O superintendente executivo do HCor, Fernando Torelly, destacou que
São Paulo enfrentou o pico da pandemia mais cedo do que o Rio Grande do Sul e,
agora, já está reduzindo a taxa de ocupação de leitos.
“Durante esse período, tivemos grande aprendizado sobre essa doença
nova. Nossos profissionais já enfrentaram momentos decisivos da pandemia, já
tiveram dúvidas sobre medicação, entre outras, e agora poderão ajudar os
colegas gaúchos. Tenho certeza de que, ao final de tudo isso, o Rio Grande do
Sul será um dos Estados com menor índice de mortalidade pela qualidade dos seus
hospitais e profissionais da saúde”, afirmou Torelly.
Como funciona
O médico intensivista coordenador técnico do Tele UTI, André Franz, explicou
que o projeto começou como uma troca de experiências para auxiliar no
estabelecimento de protocolos hospitalares, mas evoluiu para um acompanhamento
diário, por videoconferência, entre as equipes multiprofissionais do hospital
de referência e do hospital local. “O grande objetivo é diminuir a sobrecarga
de trabalho, porque há uma divisão das decisões com grupo que já tem alguma
expertise mais estabelecida, o que traz maior tranquilidade às equipes”,
apontou Franz.
Dois médicos que atuam no interior do RS participaram da transmissão
pelas redes sociais: Frederico Gomes, intensivista coordenador da UTI Covid do
Hospital Sagrada Família, de São Sebastião do Caí, e Juliano Machado, diretor
clínico e médico coordenador da UTI Covid do Hospital Frei Clemente, de
Soledade.
“Foi um grande desafio para mim e toda nossa equipe, e ainda está
sendo, enfrentar uma doença nova, muitos sem nenhuma experiência com terapia intensiva
até o momento. Começamos nossa UTI do zero, cada dia é um aprendizado novo e
enfrentamos muitas dificuldades. Mesmo com muito empenho, todo mundo está
sobrecarregado, faltam profissionais, foi difícil montar escalas e achar gente
apta a trabalhar na UTI. Por isso, esse projeto de Tele UTI veio muito a
calhar, porque pelo menos uma vez por dia temos uma discussão com um
intensivista sobre todos os pacientes. É visível a melhora na assistência.
Tanto o retorno dos colegas quanto dos pacientes é incrível”, contou Gomes.
O Hospital Frei Clemente implantou a UTI dois meses atrás e há duas
semanas conta com o apoio do projeto Tele UTI. “É impressionante o que
aprendemos. Eu, particularmente, nunca aprendi tanto como nesses últimos 15
dias. A gente pode estar na beira do leito mostrando o paciente para o colega
que está em outro lugar do Brasil e passa sua experiencia para nós na hora, é
instantâneo. Isso gera melhora mais objetiva e rápida aos pacientes, que acabam
saindo mais rápido daqui”, afirmou Machado.
HOSPITAIS QUE
ADERIRAM OU ESTÃO INGRESSANDO NO TELE UTI-RS
(Até 10 de agosto)
• Fundação Hospitalar Santa Terezinha (Erechim)
• Fundação Hospitalar Sapucaia do Sul (Sapucaia do Sul)
• Hospital Beneficente São Carlos (Farroupilha)
• Hospital Beneficente São Pedro (Garibaldi)
• Hospital Bruno Born (Lajeado)
• Hospital Centenário (São Leopoldo)
• Hospital de Caridade de Ijuí (Ijuí)
• Hospital de Caridade São Jerônimo (São Jerônimo)
• Hospital de Caridade São Roque (Faxinal do Soturno)
• Hospital de Tramandaí (Tramandaí)
• Hospital Frei Clemente (Soledade)
• Hospital Geral de Caxias do Sul
• Hospital Ivan Goulart (São Borja)
• Hospital Nossa Senhora Aparecida (Camaquã)
• Hospital Nossa Senhora das Graças (Canoas)
• Hospital Regional de Santa Maria (Santa Maria)
• Hospital Sagrada Família (São Sebastião do Caí)
• Hospital Santo Ângelo (Santo Ângelo)
• Hospital Santo Antônio (Tenente Portela)
• Hospital São Vicente de Paulo (Osório)
• Hospital Viamão – Instituto de Cardiologia (Viamão)
• Hospital Vida e Saúde (Santa Rosa)
• Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel (São Gabriel)
• Santa Casa de Alegrete (Alegrete)
• Santa Casa de Rio Grande (Rio Grande)
Fonte: Saúde RS