Publicada em 06/08/2020
O diretor do
Instituto Butantan, Dimas Covas, rechaçou nesta quinta-feira (6)
questionamentos sobre a confiabilidade da Coronavac, vacina contra a covid-19
desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. Ao citar que a
farmacêutica AstraZeneca, responsável pela chamada vacina de Oxford, que também
deve ser produzida no Brasil, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também tem
um grande laboratório no país asiático, ele ressaltou que não há motivos para
preocupação em relação à nacionalidade da vacina.
“A gente tem
que lembrar que o nosso telefone Apple é feito na China e são feitos inúmeros
outros produtos industriais, inclusive as grandes farmacêuticas todas têm
grandes laboratórios e grandes investimentos na China. A China é um país que
tem um investimento muito pujante hoje em ciência. É uma ciência que se ombreia
com qualquer outro país do mundo e muitas vezes em termos de volume até
superior. Não há motivos para descaracterizar ou desconsiderar uma vacina
pelo fato dela ter sido desenvolvida inicialmente na China”, ressaltou Covas ao
participar da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações
de enfrentamento à pandemia.
Neste
momento, o Butantan comanda a fase três dos testes na qual são feitos os
ensaios clínicos, que são os estudos de um novo medicamento em seres humanos. A
fase clínica serve ainda para validar a relação de eficácia e segurança do
medicamento e também para novas indicações terapêuticas. As primeiras
duas fases foram feitas na China. A testagem coordenada pelo instituto
brasileiro terá a participação de 9 mil voluntários e deve ser concluída entre
o final de outubro e o início de novembro. Dos 12 centros de pesquisa
selecionados no Brasil, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (USP) iniciaram a pesquisa no mês passado.
O contrato
com a farmacêutica chinesa permite ao Butantã começar a produzir e envasar a
Coronavac a partir de outubro deste ano. Se a vacina for aprovada, a Sinovac e
o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em
escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao
Sistema Único de Saúde (SUS). Os passos seguintes são o registro do produto
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fornecimento da vacina
em todo o Brasil, o que está previsto para janeiro de 2021.
Segundo o
gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes,
que também participou do debate, apesar da flexibilização que houve na
resolução que normatiza o registro de medicamentos e vacinas que serão
utilizadas no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a comprovação da
eficácia e a segurança são imprescindíveis nesse processo. Entre outros
aspectos, para conceder o registro, a Anvisa precisa saber, por exemplo, se a
vacina é segura, por quanto tempo tem eficácia e se será necessária dose de
reforço.
Fonte: Agência Brasil